sexta-feira, 10 de junho de 2011

VIOLÊNCIA ESCOLAR: COMO COMBATER?

PROJETO INTERDISCIPLINAR
PROMOÇÃO DA SAÚDE DE QUALIDADE DE VIDA
Professora Esther Araújo


CONSEQUÊNCIAS DA VIOLÊNCIA
NO AMBIENTE E NA SAÚDE DO PROFESSOR

Por Aline Bides
Claudete Villela
Kátia Matos
Lúcia Silva
Maria Cristina Guerreiro

Um bom profissional de educação deve ser consciente, reflexivo e responsável, capaz de sensibilizar a si e seus alunos quanto a temas de prevenção a saúde. No entanto, pesquisa realizada por Esteve (1999) com professores europeus e pesquisa realizada por Codo (1999) com professores brasileiros, entre outras pesquisas, apontam que nos últimos vinte anos os pedidos de licença para tratamento de saúde vem aumentando consideravelmente.
No intuito de investigar quais as conseqüências da violência no ambiente e na saúde do professor, apresentamos o projeto interdisciplinar que perpassa as seguintes etapas:
·         Discussão em grupo para elaboração do instrumento de pesquisa;
·         Aplicação do instrumento de pesquisa para 12 professores das redes pública e privada do município do Rio de Janeiro;
·         Tabulação das respostas do instrumento de pesquisa por meio de tabelas e gráfico;
·         Análise dos dados obtidos.

Perfil dos Professores Entrevistados
A definição do perfil dos professores entrevistados se dá a partir dos dados de identificação dos professores no instrumento de pesquisa elaborado para o presente projeto.
Foram entrevistados 12 professores, com idades variando de 21 a 52 anos de idade. Quarenta e um por cento deles são formados em Pedagogia e o mesmo percentual atuam na Educação Infantil. O tempo de atuação dos professores varria de 2 a 20 anos de serviço, com 66% deles atuando em instituições públicas.

Relações da violência no ambiente e na saúde do professor
A fim de verificar como vai a saúde do professor no contexto em que estamos inseridos, o grupo elaborou um instrumento de pesquisa contendo dez questões objetivas, solicitando aos entrevistados argumentações a respeito de algumas de suas respostas.
A partir das respostas obtidas com o instrumento de pesquisa, apresentamos o seguinte gráfico:
De acordo com o gráfico, podemos fazer as seguintes análises:
Questão 1: 100% dos professores incentivam hábitos de higiene em sua turma.
Questão 2: oito professores  afirmam que não se observam pixações nas carteiras, salas e corredores, o que representa a maioria dos entrevistados.
Questão 3: 4 professores entrevistados passaram por constrangimentos, sendo que um presenciou arremesso de cadeiras e agressões físicas;  um afirmou ter sido agredido por alunos e ter sido chamado a atenção perante outros colegas de trabalho; um foi agredido verbalmente por responsáveis dos alunos e outro recebeu ameaça do responsável pelo aluno e sofreu ofensas verbais.
Questão 4: apenas 2 dos professores entrevistados necessitaram ser afastados do trabalho por problemas vocais, sendo que um foi no início da carreira e outro por ter perdido a voz.
Questão 5: 50% dos entrevistados contam com ar refrigerado nas salas de aula em que atuam.
Questão 6: mais da metade dos professores apontam que na instituição de ensino ouve-se sons de ruídos das avenidas ou ruas próximas, o que compromete a concentração e aumenta o desgaste da voz do professor.
Questão 7: apenas 3 professores afirmam que fazem uso de microfone na sala de aula.
Questão 8: 4 entrevistados destacam que as condições físicas da escola são comprometidas.
Questão 9: 2 professores apontam que a poeira lhes causa alergia na instituição de trabalho.
Questão 10: 3 professores afirmam necessitar acompanhamento psicológico devido à pressão cotidiana e demanda de trabalho, depressão e esgotamento físico e mental.

Considerações finais
Após a observação das nossas escolas de atuação, discussões em aula, leituras, noticiários e das entrevistas realizadas, podemos afirmar que a escola encontra-se doente e que o centro do seu trabalho já não é mais apenas o conhecimento.
Dos aspectos evidenciados pela entrevista, o de maior impacto está nas ameaças e agressões sofridas pelos professores por parte dos responsáveis pelos alunos, o que subentende que, se os pais assim o fazem, os filhos seguem os exemplos dos pais e se sentem no direito de agredir os professores da mesma forma.
Destaca-se também a presença de sons e ruídos das avenidas e ruas próximas das escolas que são apontados por mais da metade dos entrevistados. O número de alunos cada vez maior nas salas de aula somado aos sons de ruídos externos exige maior esforço do professor, gerando problemas da voz.
Por fim, apontamos a necessidade de acompanhamento psicológico destacado pelos  professores entrevistados. O número de alunos cada vez maior nas salas de aula, a responsabilidade com o desenvolvimento dos alunos, os baixos salários, a dobra de turnos de trabalho, as condições físico-estruturais das escolas, a insegurança, entre outros aspectos, levam ao esgotamento físico e mental. Daí poderíamos questionar: o que fazer? A quem recorrer?
O que sabemos é que muitos problemas como os apontados pelos professores entrevistados são fatos corriqueiros no contexto escolar e o que desejamos saber é quando os órgãos públicos vão começar a mobilizar esforços para mudar essa realidade.



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