sexta-feira, 10 de junho de 2011

Entrevista - Saúde e qualidade de vida do professor.


AVM - Faculdade Integrada
Curso: Pedagogia Disciplina: Promoção da Saúde e Qualidade de Vida
Alunas: Adriana Carneiro Da Rocha; Ana Alice Gomes dos Santos; Ione da Silva Gomes Ferreira; Nabia Bokehi Bonanno; Suzana Ribeiro Soares.
Professora: Esther Araújo




Projeto Interdisciplinar



Tema: Quais as conseqüências da violência no ambiente e na saúde do professor?



INTRODUÇÃO



Foi realizada uma pesquisa em 20 professoras, das quais ¼ lecionam em escolas públicas e as outras 3/4 em escolas particulares. O recurso utilizado foi uma entrevista em que as perguntas tiveram como foco avaliar a relação entre as condições de trabalho e o bem-estar das professoras. Percebe-se nas respostas o quanto elas podem ser tendenciosas por serem aplicadas nas escolas em que trabalhamos. Ainda assim, elaboramos um gráfico retratando as porcentagens correspondentes as questões levantadas pela pesquisa.



ENTREVISTA E ANÁLISE



Através do gráfico constatou-se que 65% das docentes, tanto as que lecionam em escolas públicas quanto nas particulares, utilizam transporte público no deslocamento para o trabalho. Conhecendo as péssimas condições dos transportes oferecidos no Rio de Janeiro, podemos afirmar que a maioria das professoras, dependendo do lugar onde moram, distante ou não do trabalho, encontram problemas em relação ao longo tempo que levam para chegar ao seu destino, somando-se o tempo de espera da condução ao tempo do trajeto. Sem contar com a falta de manutenção e o desconforto, pois normalmente existem mais passageiros do que transportes, e isso englobam os ônibus, metrôs e principalmente os trens.
Outro item avaliado foi a alimentação. Independente da opção de 65% das professoras feita pelo fast-food, o que é sobejamente conhecido como péssimo para a saúde e bom para o consumo. Deveríamos nos preocupar também em observar o tempo destinado à alimentação e à digestão desta alimentação; mesmo que muita gente considere que o problema está todo só na comida. Precisamos estimar o gasto calórico no ofício dos professores nos últimos anos, considerando que os ambientes de trabalho mudaram muito, já que os deslocamentos dentro da própria escola estão diminuídos por conta da tecnologia e do progresso.
Durante anos, o papel da atividade física no problema da obesidade foi pouco contemplado. Com este vetor da contemplação podemos explicar as mudanças nos padrões de ganho de peso, não atribuindo somente a ingestão de alimentos. Faz-se necessário pensar na atividade física como conceito mais robusto do que apenas atividade física recreativa. Eliminamos a atividade física de nossas vidas. Precisamos encontrar maneiras de inseri-la em nossas vidas, como por exemplo, voltar a subir escadas, utilizarmos menos carro e /ou condução, privilegiando as caminhadas. Mesmo constatando em nosso gráfico que 50% do grupo docente realiza alguma atividade física disponibilizada pelo trabalho, devemos pensar em uma vida menos sedentária e presa a computadores e internet.
Notou-se uma harmonia no ambiente de trabalho das professoras entrevistadas, as relações estabelecidas são satisfatórias chegando a atingir a marca de 90%. Como preconiza Paulo Freire, o que solidifica um grupo é uma tarefa em comum. Objetivos claros e em comum tem como desdobramento uma parceria, uma identificação entre os pares; o que não elimina os ruídos entre eles e que devem ser trabalhados dentro de um projeto político pedagógico e uma formação continuada dentro da escola. Dentro desta perspectiva, faz-se necessário uma análise crítica da opinião de cada um para atingirmos um consenso sempre.
Na idealização de um espaço escolar, é indispensável priorizar a construção arquitetônica a que ela se destina. Sendo esta avaliada, em suas condições acústicas, de forma positiva por 60% das professoras. Para além da acústica, não devemos só nos deter as melhores ou piores condições de sala de aula e números de alunos. É importante observar como o professor cuida de suas cordas vocais: se bebem água para lubrificá-las; se ele é centralizador, necessitando gritar para ser ouvido; ou se é um professor mais mediador junto ao seu grupo, o que traz mais conforto e cuidado para lhe dar com este problema.
O exercício da profissão traz realizações afetivas e subjetivas secundárias a 70% das professoras, já que com 75% de respostas negativas, demonstraram insatisfação com a remuneração. O afeto que se encerra na profissão docente é de um ofício quase que artesanal e artístico, como de um maestro regendo sua orquestra. Avaliamos aqui, uma falta de conscientização e valorização desta profissão. As ações deveriam ser mais politizadas para que pudéssemos ganhar um melhor e maior reconhecimento, em relação as nossas condições de vida e ao nosso papel na sociedade.
As leis não são eficazes, responderam 90% das entrevistadas. Não se constituem como objetivos nacionais, devido à instabilidade dos poderes constitucionais e pela falta de continuidade das legislações vigentes de cada governo. Vale ressaltar que não há uma política pública efetiva de proteção no ambiente de trabalho, ou seja, não há garantias que materializem o direito constitucional à saúde e a segurança ocupacional nesta categoria profissional. Por um longo período a vida social, intelectual e as péssimas condições laborativas da categoria docente permaneceram invisíveis.

A entrevista revelou-nos ainda que, apesar das precariedades, 45% dos docentes, não com muita freqüência, vão ao cinema, teatro, lêem um livro ou jornal. Muitas delas acreditam que ler as manchetes de jornais é suficiente para ficarem a par do que acontece no mundo e se sentirem informadas. É preciso respirar cultura para disseminar cultura. Como podemos valorizar a literatura, os meios de comunicação, a arte (museus, teatro, cinema show) junto aos nossos alunos se nós mesmos não os praticamos?

O estudo revelou que 70% dos profissionais conhecem a Síndrome de Burnout, o que nos causou grande surpresa. Será mesmo? Nas respostas constatamos que 30% ainda não têm conhecimento de algo tão significativo para sua vida e profissão.

CONCLUSÃO

A entrevista nos revelou, que a violência envolvendo condições de trabalho e saúde dos professores, vem ocasionando estagnação, falta de reflexão crítica, informação e orientação para a garantia de melhores dias destes profissionais.
É essencial que haja uma efetiva conscientização da necessidade de se introduzir políticas públicas que visem o melhoramento das condições do ambiente de trabalho dos docentes, para que possam exercer a profissão com saúde e dignidade, e que os próprios profissionais reconheçam a precariedade laboral que os envolvem, a fim de que lutem por uma melhor qualidade de trabalho e de vida. A saúde deve ser tratada como um tema transversal que permeia toda a prática educativa e não como uma disciplina a parte. Deve estar incluída em nosso Projeto Político Pedagógico para que possamos trabalhá-la de forma multidisciplinar em nossos planejamentos, e que todos tenham a consciência da função que a escola exerce na melhoria da saúde e qualidade de vida em nossos dias e nos dias que virão.


Referências Bibliográficas: Apostila e aula presencial da disciplina Promoção de Saúde e Qualidade de Vida – Esther Araújo.




Um comentário:

  1. Observamos que o professor tem consciência dos riscos e, apesar de todas as dificuldades, busca uma forma de manetr-se saudavel.

    Esther Araujo

    ResponderExcluir